Francine Segawa
1 min readJul 18, 2021

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Nos vemos, de novo

Depois de fugir de tantas

Gaiolas de ferro frio

Que aqueles gradios surgem

Querendo domesticar

O nosso olhar

Na prisão

Aquele alimento de subserviência

Não nutre

A proteção das grades

Deixa as chaves

Na mão do algoz

Nenhuma prisão

Deixa de ser

O paradoxo da proteção

Cerceia dentro, obriga fora

Você, se protege de quê?

Do mim que te aterroriza?

Não jogue sobre mim

Olhos frios de ferro

Não me aprisione

Em critérios gélidos

Vem ser

Essa barca que navega

Nossas águas

Enferrujam gaiolas de meninos

Um dia saberão ouvir nosso canto

Sem temor

Menino,

Só digo:

Vamos cantar

Vamos nadar

É tão gostoso

Nadar nua nesse mar!

Mergulhar territórios

Aceita e respeita

Não me persiga.

É a água, não meu canto

Que você precisa desvendar

Ache a porta da vida

Sua gaiola

É feita de você, menino

Não aprisione

Os ventres que avivam o mundo

Sua prisão não é útero

Nasce menino! Saia de nós. Ande!

Vem nadar no mar

Teu dom da vida

É longo

Perene

E não é de metal

Esquece essa matéria prima

A terra é que é

Nosso ventre comunal

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Francine Segawa

de Francine Segawa. Poesias, crônicas, devaneios, escritos, rabiscos.